31/05/2014

Ave Atque Vale (3) - Arquimedes


“Não perturbem os meus círculos.”

(últimas palavras de Arquimedes, em 212 a.c., exigindo que não o interrompessem enquanto não chegasse a uma solução para o problema matemático em que reflectia observando uns diagramas desenhados no chão, não se apercebendo de que Siracusa, depois de dois anos de cerco, fora finalmente tomada pelos romanos e estava a saque)

tirado de: Immortal Last Words: History’s Most Memorable Dying Remarks, Deathbed Declarations and Final Farewells

21/05/2014

Sed Contra - Tavares ainda não perdeu o emprego


Quem quer que abra, por vontade própria ou decreto providencial, um livro de Gonçalo M. Tavares, dá com a vista naquilo a que, literariamente falando, se chama uma surpresa. Sossegue quem tiver aprendido a pensar, pois ainda não disse se é boa ou má a surpresa com que dá quem assim opera. Nem o poderia talvez dizer, pois que, de um certo ponto de vista, pode ser bem surpreendido aquele que der com o espanto em má surpresa. Ora, quem quer que abra, pondo o intuito em ler, um dos livros por que Gonçalo M. Tavares foi surpreendendo o exigentíssimo público pátrio, Matteo perdeu o Emprego, tem forçosamente de abri-lo, como abriria qualquer outro livro, na primeira página. Se tiver a gentileza de fazê-lo, pode não reparar em muita coisa, mas decerto repara nas letras que lá se timbraram. Pode, por isso, não depositar suspeitas na hipótese de o escritor, desconhecendo as ínclitas leis da profissão de escrever livrinhos, não saber que um parágrafo pode conter mais do que um período, como o faz quem sabe o que há a ser feito, mas é com certeza capaz de ler, porque está lá para ser lido por quem tiver olhos e educação primária, o seguinte parágrafo:

Todas as manhãs, um homem era visto, entre as sete e as sete e meia, a contornar a rotunda principal da cidade, rotunda onde desembocava sessenta por cento do tráfego. Às sete da manhã o fumo dos automóveis era maior que ao fim da tarde, porém, mesmo assim, havia fumo, metal e ainda a velocidade de alguns automóveis. E ali, no meio, correndo risco de vida, um homem. Aaronson.

13/05/2014

06/05/2014

Ipsis Verbis (6)



    - Falhámos a vida, menino!
- Creio que sim… Mas todo o mundo mais ou menos a falha. Isto é, falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação.
Eça de Queirós, Os Maias