Não faças amigos a não ser que precises de favores.
31/03/2014
26/03/2014
Prima Facie (2) - Auto-deprecação ou Auto-depreciação
Não é incomum
ouvir dizer que fulano tal é dado à auto-deprecação,
querendo com isso insinuar que costuma rebaixar-se ou maldizer-se. Ora, o
substantivo "deprecação" (do latim “deprecatio”), designa o acto de deprecar (do latim “deprecari”), verbo que, por sua vez,
significa "suplicar", e a raiz da palavra é o substantivo “prece” (do
latim “preces”). Se uma deprecação é uma
súplica, a auto-deprecação consiste
em suplicar a si mesmo, o que é manifestamente diferente de dizer mal de si
mesmo. Alguém que não dá o devido valor à pessoa que é, que possui o hábito de
desdenhar de si mesmo, é dado, isso sim, à auto-depreciação,
pois não é o verbo “deprecar” mas o verbo “depreciar” (do latim “depretiare”), cuja raiz é o substantivo
“preço” (do latim “pretium”) que
significa diminuir o valor ou o preço de alguma coisa. O equívoco, cada vez
mais comum, está com certeza ligado à influência cada vez maior da língua
inglesa no espaço nacional, pois em inglês, por qualquer engano inicial, “to
deprecate” passou há muito a poder significar o mesmo que “to depreciate”, e o
termo correcto para referir “auto-depreciação” é, de facto, “self-deprecation”.
18/03/2014
Ipsis Verbis (4)
Sofro muito! O que constituía a alegria e a ventura da minha existência, essa força divina e vivificante que criava mundos em roda de mim, desapareceu!
Johann
Wolfgang von Goethe, A Paixão do jovem Werther
13/03/2014
Sed Contra - Um Quase Charlatão
I
Quando Júlio
César atravessou o Rubicão, proferindo o imortal alea jacta est com que entregava a alma magnanimamente, e à frente
das suas legiões em Roma entrou em triunfo, nenhum patrício se distraiu de
aclamá-lo. Podendo o esforço chegar a tanto, imagine quem o conseguir que na
cidade das sete colinas, já não a primeira imperando estendida sobre o Lácio,
mas uma réplica, à escala, onde aportou sem querer um dia o traiçoeiro vencedor
de ciclopes, entrava um dia, montando não o seu nobre Genitor, mas uma
carruagem puxada por asnos a quem se lhes deu, talvez por erro, o dom da fala, um
outro Júlio César, mais gordo, risonho, e desajeitado. Imagine de seguida, com
a paciência que tiver reservado para o feito, que a este César barrigudo
recebia a plebe com uma ovação ainda mais estridente, alguns beijando-lhe o
anel no dedo, outros estendendo-lhe a mão humilde, uns quantos trocando
palmadinhas de amigo, mas todos numa histeria tal que, se houvesse genuflexório
onde deixassem pousar os joelhos, seria na posição católica que o saudariam.
09/03/2014
01/03/2014
Ave Atque Vale (2) - Luís XVI de França
“Morro inocente
de todos os crimes de que sou acusado. Perdoo aqueles que causaram a minha
morte; e peço a Deus que o sangue que vão derramar nunca mais se veja em
França.”
(últimas
palavras de Luís XVI de França, momentos antes de ser guilhotinado, a 21 de
Janeiro de 1793)
tirado de: Immortal Last Words: History’s Most
Memorable Dying Remarks, Deathbed Declarations and Final Farewells
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